Inês Pinto e Sousa emerge como uma figura cativante e influente no cenário da arte contemporânea, destacando-se como curadora independente. A sua paixão pela arte e dedicação em ajudar os artistas a desenvolverem as suas visões únicas e aproximá-los do público são os elementos fundamentais da sua carreira multifacetada. Com um mestrado em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa - FCSH, Inês Pinto e Sousa traz uma base sólida de conhecimento, enriquecida pela perspectiva de ter sido bolseira da Fundação Júlio Pomar e pela sua dissertação de mestrado que teve como foco as peças mitológicas de Júlio Pomar e a relevância do mito e da literatura na sua obra.
Através de uma combinação de experiência em comunicação, habilidades curatoriais e uma mente incansavelmente criativa, Inês Pinto e Sousa tem deixado uma marca inconfundível na cena artística, colaborando com artistas nacionais e internacionais, organizando projetos inovadores e procurando estreitar os laços entre a arte e o público. Neste artigo mergulharemos numa entrevista cativante à curadora Inês Pinto e Sousa.
Conte-nos como começou esta paixão de uma vida pelo mundo da arte.
Penso que começou desde muito cedo. Tive a imensa sorte de poder visitar museus de arte desde pequena, quando ainda não sabia muito bem o que aquelas obras significavam. Isso ajudou-me a sentir-me mais confortável nesse meio e despertou um interesse que se mantém até hoje pela História da Arte.
Quais são os maiores desafios que enfrenta como curadora independente?
O mais imediato será possivelmente a instabilidade, nunca temos a certeza se conseguiremos garantir projectos em contínuo. Sentimos por isso que temos de estar sempre disponíveis, sempre a trabalhar, o que pode fazer com que seja difícil chegar a um equilíbrio saudável.
Autoria de Miguel PortelinhaPoderia compartilhar uma colaboração específica que tenha sido particularmente memorável ou impactante para si?
A minha mais recente colaboração com a artista Carolina Piteira será para sempre memorável. Tive a possibilidade de acompanhar e mesmo participar no processo desde o primeiro dia, e sendo um tema tão importante para mim – a experiência feminina no mundo actual – sinto que foi um projecto muito recompensador.
Quais são algumas das técnicas de comunicação que utiliza para tornar a arte mais acessível e compreensível para um público diversificado?
Dado a minha prévia experiência de marketing, acredito que é possível encontrar a mensagem e a forma de a transmitir certas para chegar a qualquer público. Actualmente, com acesso a ferramentas digitais, por exemplo, ou tendo uma perspectiva mais assente na colaboração entre agentes diversificados, é possível fazer muito mais e chegar muito mais longe.
Quais são os seus planos ou projetos futuros como curadora independente?
Gostaria de trabalhar em mais projectos directamente com artistas, em que possa acompanhar uma série ou trabalho desde o início. Esta abordagem permite-me ter uma compreensão muito mais profunda do trabalho, que posso depois transmitir aos observadores.
Autoria de Miguel PortelinhaExiste algum sonho ou objetivo específico que gostaria de alcançar na área da curadoria de arte?
Interessam-me artistas e projectos artísticos que falem sobre temas desconfortáveis de forma despretensiosa e acessível, e por isso creio que poder desenvolver algo nesse sentido é o meu próximo objectivo. Ficaria muito feliz se pudesse participar numa exposição ou num projecto em que conseguisse mudar algumas perspectivas e criar diálogo.
Quais são os artistas com quem anseia poder trabalhar?
Sinto que todos os dias descubro um novo! Alguns cujo trabalho admiro bastante seriam Mark Bradford, Liu Xiaodong ou Njideka Akunyili, e no panorama nacional, Adriana Proganó ou René Tavares.
Para jovens curadores que estão a começar, que conselhos daria com base na sua experiência até agora?
Uma ideia que é muito importante para mim é esta: comecem, mas acima de tudo, continuem. Às vezes é mais difícil continuar do que começar, por isso mantenham-se focados no que acreditam e no que querem fazer.
Autoria de Miguel PortelinhaQuais são os cinco livros que recomendaria ler para enriquecer o conhecimento e a compreensão sobre arte e curadoria?
Why Have There Been No Great Women Artists de Linda Nochlin; Old Mistresses: Women, Art and Ideology de Rozsika Parker e Griselda Pollock; Art Power de Boris Groys; Thinking Contemporary Curating de Terry Smith; e Spaces of Experience: Art Gallery Interiors from 1800 to 2000 de Charlotte Klonk.
Se tivesse a possibilidade de escolher uma obra de arte para a sua “coleção pessoal”, qual seria?
Por muito que me agrade a ideia de ter uma obra de arte de um dos meus artistas preferidos em minha casa, gosto ainda mais da ideia de poder partilhá-la com o mundo. Assim, prefiro que continuem nos museus. Mas não diria que não a ter direitos de visita ilimitados à "A Noite Estrelada" de Van Gogh!