Isabel Lhano, natural de Vila do Conde, faleceu na madrugada deste domingo devido a um aneurisma, conforme comunicado por sua irmã, Graça Martins. Comemorando 50 anos de carreira artística e sete décadas de vida, a artista plástica tinha várias exposições agendadas até o final do ano, tanto em sua cidade natal como na Póvoa de Varzim.
"Foi com profundo pesar que comunico o falecimento, nesta madrugada, da minha irmã Isabel Lhano, vítima de um aneurisma", partilhou Graça Martins nas redes sociais, informando sobre o falecimento da artista aos 70 anos.
Na sua publicação, expressou também gratidão ao escritor Valter Hugo Mãe por ser amigo e confidente da sua irmã. "Sem ti, a vida dela teria sido mais triste", acrescentou. Graça Martins observou que Isabel Lhano nos deixa "após um percurso artístico exemplar, com várias exposições em curso até ao final do ano, tanto na Póvoa de Varzim como em Vila do Conde."
As comemorações dos 50 anos de carreira da artista começaram no final de setembro. Cinco exposições, algumas em Vila do Conde e outras na vizinha Póvoa de Varzim, juntamente com um livro, contam a história e a obra da artista. Uma parte deste "Império da Beleza" ainda está em exibição na Casa Antero de Quental e no Teatro Municipal de Vila do Conde. Há dez dias, Isabel Lhano publicou na sua página do Facebook o que seria a sua última mensagem: uma imagem de "Desassossego" - uma das pinturas da exposição - para dar a notícia, ela que sempre viveu de forma "desassossegada".
Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes do Porto, recebeu uma bolsa da Gulbenkian em 1971 e 1972 e realizou dezenas de exposições em Portugal e no exterior. As suas obras fazem parte de coleções em instituições de destaque, como o Museu Amadeo de Souza-Cardoso, o Museu de Arte Contemporânea de Cerveira, a delegação norte do Ministério da Cultura e a Fundação Eng. António Almeida. Em Vila do Conde, é conhecida pelos dois murais: uma homenagem a Sonia Delaunay (na entrada da EB1 Bento de Freitas) e "Seca do Bacalhau", no antigo edifício junto ao rio. Também criou capas de livros para vários escritores, incluindo Valter Hugo Mãe, Rita Ferro Rodrigues e Daniel Maia Pinto.
"Artista, pintora, professora, promotora e participante ativa de inúmeras iniciativas culturais, ela também foi uma mulher da Liberdade, uma ativista de princípios e um ser humano de maneiras impecáveis. A mulher e a artista eram indistinguíveis. Num espírito constante de justiça e defesa. A sua arte sempre transmitiu uma mensagem. Como escreveu o seu amigo e escritor Valter Hugo Mãe: 'Para Isabel, a arte tem necessariamente um compromisso ético, social, e não pode ser um exercício de ego"
Fonte: Jornal de Notícias