A Fadista de Culto Amália Rodrigues
Amália Rodrigues, de seu nome completo Amália da Piedade Rebordão Rodrigues, nasceu em Lisboa quando os seus pais, Lucinda da Piedade Rebordão e Albertino de Jesus Rodrigues, se encontravam a visitar os seus avós maternos. No registo de nascimento consta a data de 23 de Julho de 1920, porém, a artista adotou o dia 1 de Julho como data de aniversário durante toda a sua vida por existir algumas dúvidas sobre o dia exacto. Abandonou os estudos após completar a instrução primária, para ajudar no sustento familiar. Foi aprendiz de costureira, de bordadeira e operária de uma fábrica de chocolates e rebuçados. Desde muito cedo mostrou gosto por cantar, tendo em 1939, a sua estreia profissional. Rapidamente se tornou num sucesso, sendo cabeça de cartaz em vários espaços. A partir do início da década de 1950, Amália Rodrigues realizou diversas digressões nacionais mas especialmente internacionais. O primeiro concerto no estrangeiro ocorreu em 1943, numa festa do Embaixador português em Madrid, Dr. Pedro Teotónio Pereira. Conhecida mundialmente devido ao Fado, Amália Rodrigues é considerada uma das maiores embaixadoras de Portugal. Entre os seus fados de maior êxito encontram-se "O fado do ciúme", "Estranha forma de vida", "Povo que lavas no rio", "Lavava no rio, lavava", "Lágrima", "Ai, Mouraria", "Fado português", "Barco negro", "Casa portuguesa", "Vou dar de beber à dor", "Meia-Noite", "Casa da Mariquinhas", "Uma guitarra", "Erros meus" e "Foi Deus". Também na sétima arte, a fadista deixou a sua marca no filme "Capas Negras" (1946) de Armando de Miranda. Após o seu afastamento dos palcos, em 1994, a fadista continuou a ser convidada de honra em inúmeros eventos culturais, nomeadamente durante a exibição das Marchas Populares no dia de Santo António, em Lisboa. Conheça neste artigo sete factos pouco conhecidos de uma das figuras incontornáveis da História do Fado.
1. «Desde que existe morte, imediatamente a vida é absurda. Sempre pensei assim». - Amália Rodrigues
A fadista portuguesa referiu na sua biografia, escrita em colaboração com Vítor Pavão dos Santos, que por diversas vezes tentou o suicídio. Sabe-se que uma das tentativas foi devido a um desgosto amoroso com Francisco da Cruz e outra devido à descoberta de um tumor.
2. A comunidade homossexual tinha-a como ícone.
Amália Rodrigues nunca discriminou as pessoas devido às suas orientações. Pedro Homem de Mello, José Carlos Ary dos Santos e José Manuel Osório eram homossexuais e grandes amigos da artista. António Variações adorava Amália Rodrigues e Osório quando descobriu ser soropositivo, teve apoio da cantora. Júlio Coutinho, também conhecido como Lola, travesti, pediu um vestido a Amália, e esta gentilmente cedeu-lho, com um conselho: «Sempre que estiver composto com a personagem Amália, venha à pista atuar e depois vá logo para o camarim. Por favor, não faça sala».
3. Adepta do Belenenses
Devido aos irmãos serem do Carcavelinhos, a cantora era adepta do Belenenses, «para irritar os meus irmãos». Simpatizava com o Benfica, contudo foi obrigada pelos agentes da PIDE a marcar presença na festa de aniversário do Sporting, a 1 de julho de 1958.
«Lembro-me que desci a escada do meu quarto a chorar e a dizer: “Não há direito que se faça isto a uma pessoa”» - Amália Rodrigues
Amália Rodrigues
4. Conhecida internacionalmente
A partir dos anos 50, viajou sem parar numa digressão pela África e Américas. Em Paris ficou conhecida graças ao filme “Os Amantes do Tejo”. Cruzou-se com diversas personalidades como Anthony Quinn, Juliette Gréco, Frank Sinatra, Ava Gardner, rei Humberto II de Itália, Chico Buarque, Roberto Carlos e Ernest Hemingway.
Cartaz de "Os Amantes do Tejo"
5. Não era fã de Madonna.
Numa altura em que a cantora Madonna era internacionalmente famosa, a fadista portuguesa afirmou numa entrevista ao Expresso: «Não tenho idade para a música dela. E muito menos para o seu feitio. Fui criada por uma avó que morreria se visse o que a Madonna faz em palco».
6. Amália capa da revista Billboard
Em 1952, a canção "Coimbra" atingiu a segunda posição da tabela Billboard Hot 100, da revista norte-americana Billboard. Estreou-se em Nova Iorque, em Setembro do mesmo ano, no palco do “La Vie en Rose”. Ainda nos Estados Unidos da América, em 1953, cantou pela primeira vez na televisão na NBC. Em maio de 1954, foi capa da revista Billboard, por o seu álbum “Amália in Fado & Flamenco” atingir a primeira posição entre os mais vendidos nos Estados Unidos da América.
Amália Rodrigues - “Amália in Fado & Flamenco”
7. Mais de 30 milhões de cópias vendidas
Até à sua morte, em outubro de 1999, 170 álbuns haviam sido editados com seu nome em 30 países, vendendo assim mais de 30 milhões de cópias. Os dois últimos projetos de Amália Rodrigues foram o álbum "Segredo” de 1997, que reuniu gravações inéditas feitas entre 1965 e 1975, e o livro de poesia "Versos''.