Quem é Bordalo II?
O artista português Artur Bordalo (1987), conhecido como Bordalo II, ficou famoso por usar o lixo das ruas para criar esculturas de animais deslumbrantes, com o propósito de alertar as pessoas sobre a poluição e todos os tipos de espécies que se encontram ameaçadas de extinção. A partir da street art desenvolveu a sua prática, evoluindo para o que hoje é considerado de «trash art». As suas instalações “Big Trash Animals”, dispersas por vários locais do mundo - públicos ou museológicos - gritam sobre a necessidade de sustentabilidade sócio-ecológica. Nas ruas da sua cidade natal, uma série de trabalhos, ”Provocative” e “Train Tracks”, interagem com o tecido e o mobiliário urbano, apresentando um novo olhar crítico sobre a sociedade, os seus stakeholders e condicionantes. Estas pequenas intervenções efémeras buscam ser um veículo de comunicação e conscientização por meio da arte, abordando assim temas diversos, como poluição, exploração da mulher, sensacionalismo mediático, conectividade e controle, entre outros.
1.Impulsionou a arte urbana em Lisboa
Na segunda parte do século XX, vemos a explosão da arte urbana (street art), como forma de expressão e comunicação de uma mensagem ou marca através de imagens, ilustrações ou símbolos no espaço público. Esta prática começa insistentemente na década de setenta, em Nova Iorque, com protagonista como Jean-Michel Basquiat, que começaram a manifestar os seus pensamentos em ações de rua. Em Portugal, após a revolução de 25 de abril de 1974 houve uma explosão de murais políticos, e hoje o grafits artísticos são patrocinados pela Câmara Municipal, que criou a Galeria de Arte de Rua. Bordalo II é um dos artistas que impulsionou este boom da arte urbana em Lisboa. Desde 2012, Artur Bordalo criou cerca de duzentas esculturas de animais utilizando mais de 60 toneladas de materiais reaproveitados.
Fotografia instagram (@adrianwilldie)
2.Utiliza lixo para criar as suas obras de arte
O lixo, nomeadamente plástico, metal e materiais eletrónicos, tornaram-se materiais de composição, que são transformados e moldados, pelo artista em forma de animal. A escolha destes materiais é a forma de Artur Bordalo criticar a forma como vivemos atualmente. O desperdício, o materialismo, o nosso próprio consumismo e a necessidade urgente de sustentabilidade são as temáticas abordadas nas suas instalações. Ao utilizar estes objetos, o artistas oferece-lhe uma nova vida, uma nova função estética e comunicativa. Representa assim nas suas esculturas em forma de animal, uma imagem da natureza que grita sobre a necessidade de sustentabilidade sócio-ecológica.
Fotografia Tedius
3.Infelizmente não tem problemas arranjar mais lixo
Artur Bordalo contou como tudo começou numa entrevista à Notícias Magazine onde afirmou: «Infelizmente, nunca tenho problemas para arranjar mais lixo. O meu bem é o mal do mundo. (...) Fiz uma série de obras em lugares abandonados, fotografava e mandava essas imagens para plataformas de divulgação especializadas em artes urbanas.» Bordalo II é um artista em constante crescimento, em termos das proporções das suas obras, mas também na quantidade de exposições a nível europeu e americano.
Fotografia Atr-Aircraft
4.O seu avô é Artur Bordalo
O avó de Artur Bordalo, Real Bordalo, pintou a paisagem urbana da cidade de Lisboa utilizando óleos e aguarelas. Atualmente, sabendo o poder da arte, especialmente no espaço público, o jovem artista transforma esta paisagem. As suas instalações, produzidas a partir do lixo, dão uma nova vida à cidade, integrando a natureza onde esta já não existe. Estas expressões visuais urbanas revitalizam os espaços tornando-os mais vivos, cosmopolita e contemporâneos. Com um grande impacto como agente de comunicação, estas tornaram-se parte integrante da identidade e da imagem de cidades. Os animais deste jovem artista encontram-se atualmente, em vários locais urbanos e museológicos nacionais e internacionais.
Fotografia do Jornal de Notícias
5.Influenciado por Joseph Beuys, Marcel Duchamp, Pablo Picasso e Georges Braque
Numa sociedade onde é natural o consumo descontrolado e abandono de produtos praticamente novos, é necessário falar sobre o lixo de forma a criar soluções para esta problemática. A partir dos anos 60 esta preocupação ambiental e ecológica foi trazida para o campo das artes. Muitos artistas começaram a produzir obras que questionavam a nossa própria sobrevivência e as consequências da ação humana nos recursos naturais. Numa altura em que se pensava na arte como pertencente a um espaço fechado, museus, galerias, casas, um número crescente de artistas começou a produzir no exterior. Bordalo II cresce com estas preocupações e transmite este desassossego constantemente para as suas obras. Denota-se nas suas instalações a influência de artistas como Joseph Beuys, que acreditava que a única força capaz de mudar a humanidade e a ordem social era a arte, a partir da criatividade humana. Mas, também, os ready-mades de Marcel Duchamp, as colagens de Pablo Picasso e Georges Braque, entre outras criações que transformaram a nossa percepção perante uma obra de arte.
Fotografia Wikipedia