Em abril e maio as salas da Cinemateca recebem a obra de Jan Švankmajer, o gigante da animação checa conhecido pelas suas obras de teor surrealista. A retrospetiva é organizada em colaboração com a 20ª edição do festival IndieLisboa, que este ano decorre entre os dias 27 de abril e 7 de maio.
Nascido em Praga em 1934, Švankmajer é conhecido pelas suas obras de animação em stop motion com marionetas, que viriam a influenciar o trabalho de outros realizadores. Apaixonado pelas marionetas desde muito novo, Švankmajer aprofundou a sua paixão estudando esta arte em várias escolas artísticas consagradas no seu país natal.
Em 1958 começa a trabalhar em cinema, colaborando na curta-metragem JOHANES DOKTOR FAUST, de Emil Radok, uma animação inspirada na personagem do Doutor Fausto. No mesmo ano inicia a colaboração com várias companhias de teatro multidisciplinar, trabalho que lhe permitirá ganhar experiência para voltar ao cinema na década seguinte em que começa a assinar em nome próprio várias curtas-metragens que têm como imagem de marca a técnica stop motion utilizada em histórias surrealistas que envolvem normalmente comida e objetos que ganham vida própria e a utilização exagerada do som.
Com uma obra pouco conhecida no Ocidente, que despertou para Jan Švankmajer apenas em 1983, quando o Festival de Annecy lhe dedicou uma importante retrospetiva, o realizador tem mantido uma produção regular ao longo das últimas décadas, sobretudo no campo das curtas-metragens. Mas a sua obra também é feita de longas-metragens com recurso a uma técnica mista de animação e imagem real, onde criou um universo onde cabem histórias como Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, personagens como Fausto ou a obra de autores como Edgar Allan Poe ou o Marquês de Sade.
Um universo entre a repulsa e o fascínio, com um toque de sadismo, que a Cinemateca e o IndieLisboa irão dar a ver ao longo de várias sessões imperdíveis. A acompanhar a retrospetiva, estará em Lisboa Jaromír Kallista, habitual produtor do realizador checo.