Dando sequência ao percurso plástico que a nossa Galeria suscita, este é outro nome que nos convoca a atenção pelo facto de o termos representado em obra disponível e, sobretudo, porque se enquadra na nossa preocupação – que mais não é do que uma forma do nosso interesse cultural – com divulgar percursos que rompem rotinas e evitam a atitude estática da mera posse pela posse.
Temos a convicção que a expressão estética, assuma ela a forma pela qual se manifestar, não é um fim em si mesma, esgotado. Não é um encerrar dum ciclo, mas o início de tantos quantos a nossa análise for capaz de ir descobrindo. É um desafio! Socorrendo-nos das palavras de Jorge Martins, porque "A arte é mais veloz do que a teoria.” "Desenhar é ver no escuro."
De 1958 a 1961, Jorge Martins da gravura (Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses) à sua ida para Paris, passando por exposições colectivas (destaque para a II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian), iniciou a construção do rumo que ainda hoje o caracteriza. As múltiplas circunstâncias do Portugal de 50 e 60 e da sua vivência como artista em curso de afirmação motivam-no a ausentar-se por longos 13 anos. Não procurando cosmopolitismo tão usado para ornamentação curricular… adquire experiência e saber com Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, Lourdes Castro, Júlio Pomar e René Bertholo. É galardoado com prémios e torna-se colaborador, em Portugal, da “Galeria 111”, na Suécia da “Galerie Borjeson” e em França da “Galerie Bellechasse”.
Em 1975 muda-se para Nova Iorque. Em 1978 expõe no “Musée National d’Art Moderne” mais conhecido como “Centro Pompidou”.
Em 1985 integra a representação de Portugal na “XVIII Bienal de S. Paulo”, com Jorge Molder expõe no “Centro de Arte Moderna” da Fundação Gulbenkian, onde voltou a expor em 1988, ano em que também expõe em Bruxelas e em Paris. Em 1991, na “Galeria Valentim de Carvalho”, em 1993 novamente na Fundação Calouste Gulbenkian, numa sequência de exibições na “Galeria Luís Serpa”, na “Corcoran Gallery of Art” e na “Galeria Fernando Santos”.
Finda a década de 90, 2001 é o momento da exposição da “Culturgest” e o início duma itinerância que percorre o Brasil exibindo no Rio de Janeiro (Museu Nacional de Belas Artes), em S. Paulo (Pinacoteca do Estado de S. Paulo) e em Brasília (Galeria da Caixa Económica Federal).
Da retrospectiva no “Museu Colecção Berardo” em 2006 chegamos à “A Substância do Tempo” em Serralves de Março a Junho de 2013 em simultâneo em Lisboa na “Fundação Carmona e Costa”.
Esta foi a maior retrospectiva da obra de Jorge Martins alguma vez realizada. Não resistimos, por conseguinte, a reproduzir o que constou então da apresentação publicada pela “Fundação de Serralves”:
“Em Serralves, serão expostos mais de duas centenas de obras criadas entre 1965 e 2012 e reveladoras da constante apropriação de elementos do quotidiano e de uma pesquisa exaustiva sobre os modos de representação, nomeadamente sobre a forma como a luz reinventa o espaço e os objetos. Maioritariamente abstratos e sem cor, os desenhos apresentados compõem uma linguagem rica em texturas, intensidades e gradações que se desdobra em contínuas variações.”