Manuel Cargaleiro
Manuel Cargaleiro é das principais figuras da arte portuguesa desde meados do século passado. As suas obras encontram-se em vários locais do mundo, tendo em Portugal uma obra pública na estação do colégio militar mas também em Paris. Em Itália alimentou uma ligação especial à cidade italiana de Vietri Sul Mare, atualmente sede da Fondazione Museo Artistico Industriale Manuel Cargaleiro. Continua até ao presente a trabalhar arduamente, ainda em Paris. Conheça os espaços em Portugal com obras do mestre do abstracionismo lírico neste artigo.
Museu Cargaleiro em Castelo Branco
O Museu é constituído por dois edifícios contíguos – o edifício histórico designado por "Solar dos Cavaleiros", um palacete construído no século XVIII e um edifício contemporâneo do século XXI. A sua localização é privilegiada uma vez que se encontra no coração da zona histórica de Castelo Branco, nas imediações da Praça Camões, também designada por "Praça Velha". Através da sua Coleção, de exposições temporárias, programas educativos e da Biblioteca, o Museu promove a fruição e a compreensão da arte e da cultura contemporâneas. A apresentação a públicos diversificados da obra dos mais conceituados artistas dos nossos dias, o reforço dos laços com a comunidade local, são atividades inerentes à missão do Museu.
O Museu Cargaleiro abriu ao público no dia 9 de setembro de 2005 ocupando o edifício histórico "Solar dos Cavaleiros", com a exposição Cargaleiro - 60 anos a celebrar a cor. No dia 10 de junho de 2011, inserido no âmbito das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi inaugurado pelo digníssimo Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva, o novo edifício contemporâneo, ampliando o conhecimento do espólio, com a exposição intitulada Manuel Cargaleiro - Vida e Obra, que apresenta diversas temáticas expositivas. Em março de 2017 foi inaugurada a exposição comemorativa do 90.º aniversário de Manuel Cargaleiro - Cargaleiro e Amigos. Em junho de 2021 é inaugurada a exposição Manuel Cargaleiro Uma Vida Desenhada patente no primeiro e segundo piso do Edifício Contemporâneo.
Coleção Gulbenkian
Manuel Cargaleiro foi bolseira da Gulbenkian, tendo atualmente esta instituição obras do artista português. Desde 1955, a Fundação empenha-se em apoiar pessoas das mais diversas partes do mundo a atingir os seus sonhos. Paris tem ocupado um papel de destaque na vida de artistas, músicos e intelectuais portugueses ao longo do tempo. A Fundação Gulbenkian deu a possibilidade de Manuel Cargaleiro construir uma história singular, devido à bolsa que lhe foi concedida. Em 1958, torna-se um dos primeiros bolseiros da "Fundação Calouste Gulbenkian", com a realização de estágio na “Faïencerie de Gien”, sob a orientação de Roger Bernard. Participa no "XVI Concorso nazionale della cerâmica: Faenza no Museo Internazionale delle Ceramiche in Faenza" (MIC). Numa atitude de altruísmo, que lhe é muito reconhecida, Manuel Cargaleiro oferece peças de cerâmica popular, dois painéis e um vaso de sua autoria para a reconstituição da secção portuguesa do MIC, muito danificado durante a II Guerra Mundial. Manuel Cargaleiro participa na "III Exposição de Artes Plásticas", no Convento dos Capuchos, em Almada. Em 1959, Manuel Cargaleiro adquire um atelier na Rue des Grands-Augustins 19, em Paris, onde passa a residir. Nesse mesmo ano participa numa exposição coletiva, com Camille Bryen, Jean Arp e Max Ernst, na "Galerie Edouard Loeb", em Paris. Participa na exposição "Céramiques Contemporaines", no "Musée des Beaux-Arts" em Ostende, na Bélgica. Expõe "Cerâmica de Manuel Cargaleiro" na "Galeria Diário de Notícias", em Lisboa.
Nas décadas seguintes participa em inúmeras exposições individuais e coletivas, em diversos países, designadamente França, Brasil, Japão, Alemanha, Itália, Angola, Moçambique, Espanha, Venezuela, Suíça e Bélgica. A expressividade lírica da obra de Manuel Cargaleiro motivou a colaboração com poetas, nomeadamente Armand Guibert, Édouard Roditi e Victor Ferreira, que resultaram em inúmeras publicações singulares. Em 1974 edita uma medalha da autoria do escultor Lagoa Henriques para comemoração do 25.º aniversário da atividade artística de Manuel Cargaleiro. Nesse mesmo ano o "Jornal do Fundão" homenageia três artistas da Beira Baixa: Eugénio de Andrade, José Cardoso Pires e Manuel Cargaleiro. Em 1980 destacam-se as exposições na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, no "Centro Cultural Português da Fundação Calouste Gulbenkian", em Paris, e na "Maison de la Culture - André Malraux", em Reims. Manuel Cargaleiro participa no "Primer Encuentro - Taller Creativo de Artistas de América Latina, España y Portugal", que se realizou em Jerusalém - Israel, entre 19 e 28 de março de 1985, promovido pelo "Instituto Central de Relaciones Culturales Israel - Ibeoramérica, España y Portugal". Em 1984, o seu nome foi atribuído à Escola Secundária Manuel Cargaleiro localizada no Fogueteiro, freguesia de Amora, concelho do Seixal. No ano de 1995 executa painéis de azulejos em diversos locais públicos em Portugal, como também para a estação de metro "Champs-Élysées - Clemenceau", em Paris. Em 1999, é-lhe atribuído o primeiro prémio do concurso internacional “Viaggio attraverso la Ceramica”, em Vietri sul Mare, na província de Salerno, colocando-o como grande referência artística em Itália tendo em 2004 inaugurado o "Museo Artistico Industriale di Ceramica Manuel Cargaleiro", que no ano de 2015 se instala em Ravello, como "Fondazione Museo Manuel Cargaleiro". No ano seguinte é inaugurado o "Museu Cargaleiro" que resulta da parceria entre a Fundação Manuel Cargaleiro e a Câmara Municipal de Castelo Branco, que em 2011 é ampliado para acolher e expor toda a Coleção da Fundação Manuel Cargaleiro. Em 2007, por ocasião dos 80 anos de Manuel Cargaleiro e dos 60 anos da sua atividade artística, é realizada homenagem ao Mestre Manuel Cargaleiro com inauguração da exposição “Manuel Cargaleiro, Sete propostas para a Arquitectura”, no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.
Galeria de Santiago
A Galeria de Santiago abriu portas em Almada, no final dos anos 1980, com o objetivo de descentralizar a arte e aumentar a oferta cultural no concelho. No seu percurso, conta com exposições individuais e coletivas de artistas como Manuel Cargaleiro, Vieira da Silva, Arpad Szenes, Augusto Barros, Justino Alves, Rico Sequeira, Guilherme Parente, Paulo Ossião e Maria José Camões.
Oficina de Artes Manuel Cargaleiro
A Oficina de Artes Manuel Cargaleiro junta o trabalho do mestre e do arquitecto Siza Vieira, mas também quer motivar a criação de novos artistas. As obras de Manuel Cargaleiro tem como objectivo trazer a memória do azulejo às novas gerações. Através de ateliers para crianças, exposições temporárias ou ensino experimental, um dos objectivos é criar "uma linha de afirmação da tradição azulejar portuguesa”. Numa entrevista ao Público Manuel Cargaleiro afirmou: “Essa é municipal, é um centro de artes. Esteve para ser um pólo da fundação, mas achou-se melhor ficar com este estatuto. É a câmara que administra, e eu estou ligado ao Seixal por relação familiar. Gosto muito desta terra, e de Almada. Mas também estou feliz por estar em Castelo Branco. E digo-lhe mais: hoje é realmente o local de Portugal onde gosto mais de ter o meu museu e a minha fundação.”