Manuel Pereira da Silva (1920–2003): um escultor entre o realismo e a abstração
Manuel Pereira da Silva nasceu no Porto a 7 de dezembro de 1920. Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde concluiu o curso de Escultura em 1943 com distinção, tendo recebido os prémios António Teixeira Lopes e António Soares dos Reis. Complementou a sua formação na École des Beaux-Arts de Paris entre 1947 e 1948, onde contactou com as correntes
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Manuel Pereira da Silva (1920–2003): um escultor entre o realismo e a abstração
Manuel Pereira da Silva nasceu no Porto a 7 de dezembro de 1920. Frequentou a Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde concluiu o curso de Escultura em 1943 com distinção, tendo recebido os prémios António Teixeira Lopes e António Soares dos Reis. Complementou a sua formação na École des Beaux-Arts de Paris entre 1947 e 1948, onde contactou com as correntes modernistas europeias.
A sua obra caracteriza-se por uma linguagem plástica que parte da figura humana para a transformar em formas simplificadas, geométricas e volumétricas. Trabalhou com diferentes materiais, como bronze, pedra e cerâmica, explorando o equilíbrio entre o realismo e a abstração. Foi um dos pioneiros da escultura abstrata em Portugal.
Professor de desenho e educação visual entre 1949 e 1991, Pereira da Silva teve também uma forte ligação ao ensino e à formação artística. Participou nas primeiras exposições do “Grupo dos Independentes”, ao lado de nomes como Júlio Resende, Nadir Afonso e Fernando Lanhas, contribuindo para a renovação estética da arte portuguesa no pós-guerra.
Foi autor de numerosas obras públicas, entre as quais se destacam: a escultura A Maternidade (1958) na Praça do Marquês do Pombal no Porto; o baixo-relevo em granito no Palácio da Justiça do Porto (1961); o busto de Ulysses S. Grant em Bolama, Guiné-Bissau (1955); frescos na Igreja de Santa Luzia, em Viana do Castelo; e vários monumentos e medalhas comemorativas em Vila Nova de Gaia, Paredes, Gondomar e Freamunde.
Fez parte da chamada “Geração Africana”, tendo trabalhado em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau, numa altura em que os artistas portugueses, fora das pressões culturais do Estado Novo, contribuíam para uma arquitetura moderna e integrada com a arte.
Ao longo da sua vida, participou em dezenas de exposições coletivas e individuais e recebeu várias distinções, entre as quais a Medalha de Ouro de Mérito Cultural, atribuída pela Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia em 2000. A sua última exposição em vida foi “Envolvências…”, inaugurada em 2011 na Casa-Museu Teixeira Lopes.
Manuel Pereira da Silva deixou um legado artístico marcado pela busca constante de novas linguagens e pela fusão entre o rigor clássico e a liberdade modernista. A sua obra continua a ser uma referência incontornável da escultura portuguesa do século XX.